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Pedagogia Sistêmica na adaptação escolar

Pedagogia Sistêmica na adaptação escolar

Ensino

13/07/2016

Pedagogia sistêmica e a adaptação escolar.
 
            O período de adaptação escolar de uma criança e seus pais é um momento que muitas vezes gera ansiedade em todos, inclusive na própria escola. De um lado temos a criança, que tem receio do que encontrará nesse novo ambiente, e só confia, logicamente, nos pais que é sua fonte de amor e segurança. Os pais ansiosos, inseguros e com sentimento de culpa por terem que deixar seu bem mais precioso num local onde ainda não desenvolveram total confiança. Do outro lado está a escola, que por sua vez tenta acolher a criança e os pais para que esse vínculo possa ser estabelecido. 
            Muitos atravessam esse período tranquilamente e em torno de uma a duas semanas a criança e a família já se encontra adaptada a nova rotina. Há casos porém onde uma intervenção mais abrangente é necessária. A escola deve primeiramente deixar claro para a criança, e às vezes até para os adultos, que  seu papel não é substituir os pais, mas apenas cuidar da criança  e dar oportunidade a ela de relacionar-se com outras pessoas, explorar novos ambientes e criar possibilidades de aprendizado. Esse acolhimento onde a escola se posiciona no seu lugar respeitando o sistema familiar da criança, sem julgamentos, exige um pouco mais de dedicação e  ações mais conscientes, mais sem dúvidas pode trazer resultados mais sólidos.
            Um caso que  vivenciamos  na escola é um exemplo de que a aplicação de certas dinâmicas pode ajudar na adaptação da criança. A aluna em questão tem quatro anos de idade, ingressou na escola no início matriculada meio período, não apresentou dificuldades na primeira adaptação. Porém a mãe começou a trabalhar e a criança teve que  ficar na escola em período integral, a professora de sala também precisou se afastar por licença médica. A criança então teve que se adaptar também a uma nova professora. Creio que isso gerou uma ansiedade maior na criança que começou a apresentar resistência em vir para a escola. Começamos primeiramente conversando com a criança sobre o que ela estava sentindo. Disse que não queria ficar na sala, pensamos então que talvez fosse apenas a questão de afinidade com a professora e mudamos a aluna de sala, onde foi muito bem acolhida pelas crianças e professora, porém o problema persistia. Observamos que o choro e a vontade de ficar com os pais se intensificava nos momentos de mudança de atividades. A criança apresentou desejo de voltar para sala anterior e assim foi feito mas em determinados horários, como almoço e sono ou quando a professora saía, o choro voltava.
            Chamei a criança para conversar e expliquei que a escola apenas cuidava dela enquanto os pais iam trabalhar, que ela deveria aproveitar o tempo na escola para brincar e conhecer os colegas, e que o papai e a mamãe ficariam felizes em vê-la alegre.  Ela me disse que queria ficar com  os pais. Expliquei novamente que o papai e a mamãe ficavam junto com ela o tempo todo, pois ela tinha metade de cada um dentro dela, mas que iríamos fazer algo para ela sentir que eles estavam junto com ela. Fiz dois desenhos de bonecos para que ela desenhasse o rosto do papai e da mamãe em cada um e eu escreveria o nome deles, assim quando sentisse saudades, ela poderia ficar com eles junto dela. Enquanto ela desenhava elogiei os dois dizendo que eram muito bonitos e ela se parecia com eles, ela disse: “Meu cabelo é enrolado como do meu pai”. Depois de desenhá-los ela foi para sala de aula, chorou um pouco e passou todo tempo com os desenhos nas mãos. Essa dinâmica foi feita na sexta- feira(27/05).
            Na segunda feira (30/05) achei que começaríamos da “estaca zero” passei na sala e ela estava bem, trouxe os desenhos do pai e da mãe na mochila e estava com eles nas mãos. Ainda estou acompanhando seu dia, num segundo momento estava ao lado da professora mas já sem os desenhos...voltou a chorar na aula com a professora de inglês, que não é a mesma da sala, sinto que tem dificuldades com mudanças de rotina. A professora da sala tem feito o mesmo movimento, conversando sempre com a criança nos momentos em que chora. Explica que melhor maneira de entender o que ela quer é através da conversa e não do choro.
            Percebi que o mais  importante é que todos os que lidam com  a criança realizem a mesma ação, pois assim podemos obter um melhor resultado. Vejo também que a mudança não ocorre de uma hora para outra, às vezes a  criança será a última a apresentar um resultado positivo, mas há uma mudança mais visível em nós que estamos diretamente envolvidos, pois mudamos nosso jeito de lidar com a situação, procurando ser mais pacientes e amorosos no trato com a criança e nos policiando nas atitudes e julgamentos. Acredito que estamos obtendo ganhos pessoais muito maiores.
Coordenadora Crala Xavier
 

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